sábado, 9 de agosto de 2008

Onde vais tu outra vez?

Onde vais tu, outra vez? Logo agora, que eu pensava que finalmente te tinha na mão (ou melhor, nas minhas patas negras), agora que eu achava que eras finalmente minha e que tinhas desistido do mundo que está do outro lado da porta e que, eu, apesar de não conhecer, desprezo, porque te rouba de mim todos os dias.

Vou barricar-me em cima do tapete, deitar em cima de ti todo o meu charme, enroscar-me às tuas pernas e miar, desconsolada do teu novo abandono. Vou mesmo olhar para ti com os meus olhos azuis que tu adoras e fazer-te minha prisioneira, nem que seja só por esta tarde.

Ando louca de saudades tuas e, mal saias pela porta fora, vou enroscar-me na tua camisa de noite e buscar o teu cheiro em todas as peças de roupa que encontrar. Agora, que já sei abrir as portas do armário, vou desdobrar toda a roupa que já passaste a ferro, vais ver. Vais ficar fula comigo quando descobrires. Mas eu tenho os meus recursos secretos e sei como provocar-te. Vou ronronar em volta das tuas pernas, virar-me de barriga para cima e, quando finalmente te vergares sobre mim, salto-te para o colo e tu, cheia de culpa, cairás outra vez nas minhas manhas.

Vives na ilusão de que me possuis, mas eu é que te trago pelo beiço. Vou deitar as almofadas ao chão, desatar a correr casa fora e deixar que me apanhes num canto qualquer, a pensar como tens sido injusta para a tua bichana. E depois, vais-te embora outra vez e lá tenho eu de inventar novas maneiras de te cativar.

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