segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Regresso, uma vez e outra, ao lugar mais triste de mim. O lugar onde albergo todas as decepções que fui acumulando e para as quais não há paliativo que me valha. De cada vez que visito esse canto esconso e escuro da minha alma, prometo não voltar mais, não confiar outra vez, não achar que há seres que valem o derrube da paliçada que tenho erguido à volta de mim mesma desde que vim ao mundo.

De cada vez que regresso, o frio e o escuro são maiores, as paredes mais apertadas, e há uma sensação de sufoco que, em cada visita, mais me custa suportar. Prometo que não volto, e, daí a uns tempos - para aí de três em três anos - cá regresso. Como se este lugar lúgrube fosse, afinal uma cidade amada, ou fosse um ponto de eterno reencontro entre dois seres condenados à coexistência periódica - eu e a minha decepção.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A propensão para a mediocridade moral é uma coisa impressionante. Ao mesmo tempo que se age fiado que alguns seres que, acidentalmente, aportaram na nossa pacata existência se redimam e provem alguma validade, eis que os ditos nos brindam com a confirmação de que da miséria não se pode esperar nada.
E isto acontece -vejam lá - até quando, com medo de se cruzarem com a Sibila, e que ela lhes cuspa fel em cima outra vez - mudam airosamente de passeio, abrigando-se da chuva que já deu tréguas com um guarda-chuva no qual encontram uma súbita utilidade.

domingo, 7 de novembro de 2010

Rodeada de pessoas que falam numa língua que eu não entendo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fico horrorizada com a antecipação do Natal para Outubro, nesta tentativa de vender felicidades embrulhadas, com marca e etiqueta a gente desorientada e de sentires ensonados.
Não dando eu grande relevo à quadra, tão cheia das dúvidas transcendentais que me põem os nervos em franja ao domingo, à hora da costumada Santa missa que, de há uns meses, foi riscada dos meus ritos semanais, falta-me o consolo da espiritualidade, restando-me a contemplação trágica da miséria com que as pessoas se enchem.
Realmente, acreditar em Deus, é uma benção.