terça-feira, 17 de agosto de 2010

Memo to self

Não achar que os outros pensam e se pautam pelos mesmos valores que eu.
Não achar que os outros são melhores criaturas do que efectivamente são. E já agora, não sofrer após esta atroz constatação.
Flexibilizar (o que houver para, o resto não).
Esta é a minha hitória e eu sou a personagem principal. Os outros são contingências obra de um acaso mal calculado.
Há seres condenados a vidinhas normais. Deixá-los correr de braços abertos para a miséria e tentar não ficar com salpicos de sangue no fato impecável.
Quando a coisa bater a sério, ir ao cabeleireiro.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Há dias em que me apetece vomitar a alma e arrancar o útero, tão grande é a esperança que a visão desoladora das criaturas de Deus me oferece.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Da justificação

Houve uma altura na minha vida em que a paz, finalmente, chegou. De repente, deixei de sentir a necessidade premente de justificar o que sou. Isso aconteceu por duas ordens de razões: a primeira teve a ver com o facto de ter percebido que era errado necessitar da aprovação dos outros, sobretudo quando, a dada altura, perdi qualquer consideração sobre a faculdade de juízo alheia que sobre mim eventualmente incidisse. A segunda - muito mais importante - teve a ver com a constatação de que não posso fazer comigo o que já fiz com dois ou três seres: dar-lhes meia hora para juntarem os tarecos e desaparecerem-me da vista. Posto isto, a minha vida tornou-se um espaço bem mais aprazível.