Mostrar mensagens com a etiqueta coisas de doer. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta coisas de doer. Mostrar todas as mensagens
sexta-feira, 9 de abril de 2010
O drama de Ana Karenina
Às vezes dou por mim a pensar no drama de Ana Karenina. É talvez o melhor livro que alguma vez li, e que me despertou para sempre da serenidade daquela que foi a minha vida até ao momento em que virei a última página.
Hoje, muitas releituras depois, entendo a razão pela qual o livro me impressionou tanto. O drama de Ana Karenina é, afinal, o único drama real do ser humano: o de sofrer na pele o resultado das suas escolhas; o de que, afinal, a afemeridade das coisas e do sentido que lhes damos não justificarem exercícios radicais da liberdade; o de que podemos amar trastes.
O drama é viver com estas condicionantes, até que o comboio nos trucide, num momento em que o sofrimento já é tanto que nem o sentimos a esmagar-nos os ossos.
Hoje, muitas releituras depois, entendo a razão pela qual o livro me impressionou tanto. O drama de Ana Karenina é, afinal, o único drama real do ser humano: o de sofrer na pele o resultado das suas escolhas; o de que, afinal, a afemeridade das coisas e do sentido que lhes damos não justificarem exercícios radicais da liberdade; o de que podemos amar trastes.
O drama é viver com estas condicionantes, até que o comboio nos trucide, num momento em que o sofrimento já é tanto que nem o sentimos a esmagar-nos os ossos.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
What shall I do now? What shall I do?
I shall rush out as I am, and walk the street
With my hair down, so. What shall we do tomorrow?
What shall we ever do?'
The hot water at ten.
And if it rains, a closed car at four.
And we shall play a game of chess,
Pressing lidless eyes and waiting for a knock upon the door.
T. S. Eliot, The Waste Land, 1922
I shall rush out as I am, and walk the street
With my hair down, so. What shall we do tomorrow?
What shall we ever do?'
The hot water at ten.
And if it rains, a closed car at four.
And we shall play a game of chess,
Pressing lidless eyes and waiting for a knock upon the door.
T. S. Eliot, The Waste Land, 1922
sábado, 22 de março de 2008
Dia Mundial da Poesia
Ser ou não ser
Qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.
Se os novos partem e ficam só os velhos
e se do sangue as mãos trazem a marca
se os fantasmas regressam e há homens de joelhos
qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.
Apodreceu o sol dentro de nós
apodreceu o vento em nossos braços.
Porque há sombras na sombra dos teus passos
há silêncios de morte em cada voz.
Ofélia-Pátria jaz branca de amor.
Entre salgueiros passa flutuando.
E anda Hamlet em nós por ela perguntando
entre ser e não ser firmeza indecisão.
Até quando? Até quando?
Já de esperar se desespera. E o tempo foge
e mais do que a esperança leva o puro ardor.
Porque um só tempo é o nosso. E o tempo é hoje.
Ah se não ser é submissão ser é revolta.
Se a Dinamarca é para nós uma prisão
e Elsenor se tornou a capital da dor
ser é roubar à dor as próprias armas
e com elas vencer estes fantasmas
que andam à solta em Elsenor.
Manuel Alegre
Qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.
Se os novos partem e ficam só os velhos
e se do sangue as mãos trazem a marca
se os fantasmas regressam e há homens de joelhos
qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.
Apodreceu o sol dentro de nós
apodreceu o vento em nossos braços.
Porque há sombras na sombra dos teus passos
há silêncios de morte em cada voz.
Ofélia-Pátria jaz branca de amor.
Entre salgueiros passa flutuando.
E anda Hamlet em nós por ela perguntando
entre ser e não ser firmeza indecisão.
Até quando? Até quando?
Já de esperar se desespera. E o tempo foge
e mais do que a esperança leva o puro ardor.
Porque um só tempo é o nosso. E o tempo é hoje.
Ah se não ser é submissão ser é revolta.
Se a Dinamarca é para nós uma prisão
e Elsenor se tornou a capital da dor
ser é roubar à dor as próprias armas
e com elas vencer estes fantasmas
que andam à solta em Elsenor.
Manuel Alegre
Subscrever:
Mensagens (Atom)