quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sou um ponto de interrogação, à deriva nos significados de mim. Sou uma mulher nascida fora do tempo e do espaço que me foi reservado neste mundo que me acolheu com indiferença e que me tolera com raiva. Sou um buraco negro deste universo em espiral, uma porta de entrada para coisas que são outra dimensão e outra realidade. Sou uma princesa de sandálias de prata, com saltos de oito centrímetros que caminha, preclitante, sob um fio que une as duas margens de mim. Sou o vento que me sopra aos ouvidos coisas perigosas de se pensarem e que calo como forma de manter uma paz letárgica à minha volta. A minha alma é velha; é um pergaminho amarelecido pelo tempo que passou, desde que outras mulheres viveram sob o espírito que ocupa o meu corpo. Às vezes penso que só sou espírito, até que o cansaço físico me acena com a incapacidade do meu corpo para continuar. Isto dito, não me façam mais perguntas sobre mim.

1 comentário:

Rafael disse...

Moça, o que é preclitante?