domingo, 8 de fevereiro de 2009

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O que vais fazer quando o brilho se esbater e as olheiras assomarem, finalmente, desveladas da máscara que pintas diariamente sobre o teu rosto? O que será de ti no dia em que acordares sozinha, numa cama revolta e vazia, onde deixaste de encontrar respostas no sono reparador, que se foi, deixando-te reduzida às cinzas das tuas culpas? Quem vais ser quando o espaço que ocupas se encher de outros e de outras e, de repente, perceberes que já não tens lugar cativo neste mundo de que não gostas, mas onde te habituaste a viver? O que vais fazer quando o riso se esquecer de te visitar e os dias passarem, sem teres vontade de correr em direcção a coisa nenhuma, quando só o vazio te restar, a contemplação do ter sido e a decepção do que poderia ter sido se sentarem na beira da tua cama? O que vais fazer quando a juventude se for, quando deixares de conseguir fazer isto tudo, quando as tuas pernas finalmente cederem a esse peso todo, a esses medos e a esses lutos que carregas às costas? O que vais fazer no dia em que te encontrares cara-a-cara contigo mesma e encetares um diálogo sem tréguas, de ti para ti, onde os teus argumentos serão balas que te trespassarão até que caias, inerte, no vazio absoluto?

2 comentários:

Anónimo disse...

Então não deixes a juventude escapar

António Almeida disse...

Parece-me que as coisas continuam muito negras.

Esse sol nórdico é por certo muito fraco.