sábado, 8 de novembro de 2008

Aqui estou. É de noite, lá fora mais do que cá dentro. Estou rodeada de pilhas de documentos e livros que não respondem à agudeza das minhas dúvidas. Há um prazo para cumprir, como se os prazos não fossem, afinal, a minha vida a cumprir-se. E a cada um que desaparece da minha demasiado escrevinhada agenda, há um bocado de vida que se vai embora de mim, porque deixo sempre um pouco de mim naquilo que faço.

Há um medo e uma ansiedade permanentes, a exiguidade do tempo a debater-se com a dimensão incomensurável das coisas para as quais não sei a resposta. É estranha, esta arte que é minha, e que é, afinal a irrefragável aventura de tentar perceber o que as palavras querem dizer. Dizem que os penalistas são seres estranhos. Penso que, em boa verdade, são literatos que tentam esconder-se por detrás de uma profissão banal.

2 comentários:

Manuel Bruschy Martins disse...

Ao menos que tenha retorno, nessa luta pelos prazos em que a sua vida se cumpre.

Gosto em relê-la.

sibila disse...

Manuel,

Bem vindo de volta.

É sempre um prazer.

ARDC