segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Deixar trilho

Era eu menina e moça e já a minha mãe me dizia, desesperada, que eu era como a cobra: por onde passava, deixava um trilho.

Anos volvidos sobre a minha (fugaz) meninice, e muitos vendavais deixados para trás, tenho para vos dizer que sou muito mais do que isso. Sou uma espécie de 007 de saias que, dos cenários críticos sai no momento anterior à deflagração da bomba. Para quem não percebeu, eu saio antes da explosão e, depois de mim, fica um vendaval de chamas que ardem enquanto alguém se der ao trabalho de lhes deitar gasolina (e de nas chamas se enredar, irremediavelmente).

Sou assim. Passei a vida kicking asses all around. Mas só quem me conhece sabe da minha capacidade de ser leal a quem o merece. Sou capaz de morrer por um punhado de gente. Em caso de dúvida, não concedo amizades nem intimismos. Quando não há merecimento, deixa de haver regras e declaro guerra a tudo e todos. Se tiver de comprar uma guerra alheia, faço-o, porque há alianças sustentadas em amizade contra as quais não se pode deixar fazer valer a filhadaputice.

Tenho ainda para vos dizer que sou recordista em vitórias, que até agora as tive de tal maneira que deixo os outros de rabo entre as pernas, a correr, acossados, pelo campo de batalha a fora. Talvez por isso alguns colegas de profissão digam que não é bom ter-me do outro lado. Tenho mazelas que me pulsam no corpo quando, à noite, o sono não chega. Mas estou pronta para mais.

Espero que o mundo nunca me brinde com a indiferença. Prefiro, infinitamente, o ódio, seja qual for o seu móbil. E a inveja, essa, nem vos digo o quanto gosto dela. É, sem dúvida, o meu pecado mortal favorito, quando praticado por terceiros relativamente à minha pessoa.

Quem não gostar, vá à merda.

Sem comentários: