Viver além de uma existência comezinha implica sofrer a deflagração de guerras diárias. Há mesmo dias em que existem Hiroshimas dentro de nós, porque os seres que nos rodeiam decidem acender rastilhos que provocam deflagrações interiores e para as quais não há remédio que não seja neutralizar.
Neutralizar. Para conseguirmos saber o caminho de volta para casa no fim do dia e para que não andemos a ziguezaguear na rua a falar sozinhos. Para evitarmos que a noite da insanidade se abata sobre as nossas frágeis cabeças. Neutralizar e esperar que o sono apaziguador nos visite e conforte das asperezas de existir. Porque existir é dose, porque resistir ao existir não está ao alcance de todos. Neutralizar e acender um cigarro e ver, no fumo que sobe em direcção ao tecto o nosso ser a reconstruir-se para que, amanhã, mais deflagrações ocorram. É sempre assim, sucessiva e ininterruptamente, ao compasso da cadência pouco monótona dos dias que nos são dados viver.
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