sábado, 24 de maio de 2008
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Para onde vais, agora que a noite se abateu sobre esta cidade, e caminhas em direcção a uma casa que não te pertence? Para onde vais, agora que no edifício-formigueiro onde, dia a dia, trabalhas, trabalhas, as luzes se apagaram e há uma trégua consentida nos afazeres até que o sol se volte a levantar? Para onde vais, agora que estás sozinha nesta rua deserta, com uma mala cheia de livros onde, debalde, procuras resposta para tudo quanto te perguntam? Para onde vais agora, que essa mala pesa tanto, e é como se todas as gravidades do mundo te colassem o corpo ao chão, dificultando a marcha sem direcção? Para onde vais agora, que ninguém te procura, ávido de soluções e de milagres, agora que apenas há uma solidão entrecortada por cigarros que se sucedem até que chegue a alvorada de outro dia e tudo isto se repita? Para onde vais, agora que podes ser tu, agora que as luzes se apagaram sobre ti, que o traje balança, vazio do teu corpo, no cabide da porta? Para onde vais agora, que só há noite e solidão, nesta terra onde continuas a ser uma estranha? Para onde vais, depois disto?
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