Um dia destes vou fugir para o Alentejo. Na minha casa, os móveis ficarão amortalhados com lençóis e o pó irá descendo lentamente sobre as estantes, até uma penumbra branca envolver todas as divisões da casa. A casa encher-se-á da minha ausência e eu desaparecerei para sempre. Acordarei todas as manhãs com o mar a banhar-me os pés nus. Escreverei até à conjura total dos meus medos, até que a dor seja proscrita de mim. À noite virar-me-ei para a parede na esperança que os sonhos me abandonem.
Não envelhecerei nunca e só me aperceberei do passar dos anos pelos ritmos da floração do jardim da casa onde nasci. Envolverei a minha cabeça num turbante de veludo preto e nada mais nela entrará. Irão ver que será como se eu nunca tivesse existido.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Andaste a ver "A casa dos espíritos"?
Não, andei a pensar na vida.
Enviar um comentário