País desgraçado, que vive há 36 anos bêbado do que foi, ressacado do que poderia ter sido.
Vazio de tudo, mas com razões de sobra para cantar o fado.
É isto que somos: um sítio onde apenas se geram pretextos para a poesia.
domingo, 25 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Chegar demasiado tarde ao meu próprio destino.
Viver muitas vidas sem saber o que fazer com nenhuma delas.
Perder-me.
Não me querer reencontrar.
Combater-me a mim própria.
Deixar de ter vontade de combater os outros.
Perder os meus Amigos.
Deixar de poder estar sozinha quando quero.
Começar a fazer de mim um juízo que não é o meu.
Apaixonar-me pelas pessoas erradas.
Decepcionar-me.
Endoidecer.
Viver muitas vidas sem saber o que fazer com nenhuma delas.
Perder-me.
Não me querer reencontrar.
Combater-me a mim própria.
Deixar de ter vontade de combater os outros.
Perder os meus Amigos.
Deixar de poder estar sozinha quando quero.
Começar a fazer de mim um juízo que não é o meu.
Apaixonar-me pelas pessoas erradas.
Decepcionar-me.
Endoidecer.
terça-feira, 20 de abril de 2010
O estio que se avizinha fez com que à minha volta se multiplicassem os casos de gente desnorteada de amores. Esta euforia primaveril, se fosse permanente, tornava a nossa vida insuportável, porque teríamos de lidar com inimputáveis de manhã à noite.
Está tudo histérico. Tomara já que chegue Outubro e a malta volte a colar estilhaços de si mesma e não faça de mim super cola 3.
Está tudo histérico. Tomara já que chegue Outubro e a malta volte a colar estilhaços de si mesma e não faça de mim super cola 3.
domingo, 11 de abril de 2010
Com as notícias recentes de chegadas próximas de crianças, dou por mim a pensar que sou um fracasso. Enorme. Irrecuperável. Demasiada ciência e literatura fizeram-me desacreditar do ideal da transcedência. É trágico pensar que, daqui a cinquenta anos não serei mais do que um punhado de cinzas que alguém (por compaixão) atirará ao montado. E como não acredito em espíritos, sei que vai tudo acabar assim.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
O drama de Ana Karenina
Às vezes dou por mim a pensar no drama de Ana Karenina. É talvez o melhor livro que alguma vez li, e que me despertou para sempre da serenidade daquela que foi a minha vida até ao momento em que virei a última página.
Hoje, muitas releituras depois, entendo a razão pela qual o livro me impressionou tanto. O drama de Ana Karenina é, afinal, o único drama real do ser humano: o de sofrer na pele o resultado das suas escolhas; o de que, afinal, a afemeridade das coisas e do sentido que lhes damos não justificarem exercícios radicais da liberdade; o de que podemos amar trastes.
O drama é viver com estas condicionantes, até que o comboio nos trucide, num momento em que o sofrimento já é tanto que nem o sentimos a esmagar-nos os ossos.
Hoje, muitas releituras depois, entendo a razão pela qual o livro me impressionou tanto. O drama de Ana Karenina é, afinal, o único drama real do ser humano: o de sofrer na pele o resultado das suas escolhas; o de que, afinal, a afemeridade das coisas e do sentido que lhes damos não justificarem exercícios radicais da liberdade; o de que podemos amar trastes.
O drama é viver com estas condicionantes, até que o comboio nos trucide, num momento em que o sofrimento já é tanto que nem o sentimos a esmagar-nos os ossos.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
What shall I do now? What shall I do?
I shall rush out as I am, and walk the street
With my hair down, so. What shall we do tomorrow?
What shall we ever do?'
The hot water at ten.
And if it rains, a closed car at four.
And we shall play a game of chess,
Pressing lidless eyes and waiting for a knock upon the door.
T. S. Eliot, The Waste Land, 1922
I shall rush out as I am, and walk the street
With my hair down, so. What shall we do tomorrow?
What shall we ever do?'
The hot water at ten.
And if it rains, a closed car at four.
And we shall play a game of chess,
Pressing lidless eyes and waiting for a knock upon the door.
T. S. Eliot, The Waste Land, 1922
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