Em todas as festas há gente para todos os gostos. Até naquelas em que organizamos no reduto do nosso lar, com a gata a estranhar cada intromissão consentida de gente que nunca viu e que deseja não mais regresse à quietude do lar que se quer sereno.
Em todas as festas há quem não respeite o decoro social, beba demais, regurgite a angústia feita álccol mal digerido no sofá adamascado e se confesse a níveis insuportáveis à subsistência das relações cordatas, que se querem distantes quanto baste.
Em todas as festas há os que se esqueceram do dinheiro para o táxi e que tentem desesperadamente invadir a nossa intimidade para além do gesto exíguo que é o consentimento esclarecido.
Há sempre gente a mais nas festas e gente a menos. São uma amostra da criação que nos rodeia e que, não raro, nos dão vontade, meia garrafa de champanhe depois, de negarmos que alguma vez os tenhamos conhecido ou, ao invés, de pedir educadamente licença para irmos suicidar-nos, porque acabámos, com angústia, de constatar que somos tragicamente responsáveis pelas nossas escolhas, incluindo aquelas que se referem aos seres que gravitam em torno de nós e relativamente aos quais não vale o argumento da inevitabilidade usado para os laços de sangue.
A regra primeira nesta matéria é não fazer eventos destes e, dessa forma, guardar a paz entre as quatro paredes do nosso Lar.
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