As coisas realmente importantes são aquelas que calamos, que remoemos até ao tutano do sentido que lhes damos, que nos fazem, à noite, encolhermo-nos na cama, cheios da pequenez que é não poder nada contra elas.
As coisas importantes são perigosas de se pensarem, de se dizerem e de se assumirem. São declarações de guerra, ordens de matança, sentenças de degredo e de ostracismo. São o que nos aparta dos outros, são o que nos fazem ter vontade de deixar esta merda de mundo, são as que nos legitimam a dizer quem raio foi a traste que criou esta existência de dor e de lágrimas, este degredo dos sentidos, esta morte adiada que nos atormenta dia a dia até que a dita e própria nos surpreenda no maior estado de miséria possível, para se rir de nós e nos levar desta para pior.
As coisas perigosas são as que se calam, as que se recalcam, as que nos deixam sulcos na testa e rugas no canto dos olhos. São as coisas que nos visitam na nossa solidão, são os fantasmas que acompanham os nossos passos preclitantes e que se riem de nós enquanto sobrevoamos abismos. Até ao dia.
4 comentários:
raymond form multiplied sestersiol lace besselaar inquisitive victims lifelong morris growing
semelokertes marchimundui
Ana Rita,
É com prazer que volto a ler o seu blog (a correr, mas o tempo chegou para passar os olhos por ele, pelo menos).
Quanto ao seu comentário, obrigado, e a resposta:
Terminar o curso, começar o estágio, 50 ocupações reais e 200 poltergeists do dia-a-dia, tudo somado, resultou na escolha de não vir à internet, para não perder tempo.
Voltei a escrever. Andei por aí; calei. Agora voltei.
Manuel
Manuel,
Seja muito bem vindo!
Está a estagiar? Está contente? Tratam-no bem? Desejo-lhe muito boa sorte (coisa que em geral não acredito, mas que no mundo da advocacia é fundamental).
Fique bem.
Estou a estagiar e contente, sim, gosto do que faço e das pessoas com quem trabalho.
De sorte tenho a "verdura", que enquanto as coisas são novas é mais fácil escapar ao cansaço.
Fique bem,
Manuel
Enviar um comentário