Há pessoas que se denunciam a si próprias constantemente. Denunciam-se por pensamentos que relatam aos outros, por actos e por omissões detectados pelos outros, até que deles não reste senão um ser transparente e disponível para o espezinhamento geral.

Há, por outro lado, os partidários do nemo tenenur se ipsum accusare, que vivem numa espécie de esquizofrenia, amparando em cada braço da preclintante balança das suas vidas duas formas de ser, intocadas entre si.

Os segundos são menos autênticos, mais introspectivos, levam-se demasiado a sério, incorrem frequentemente na soberba relativamente aos primeiros, mas podem aspirar a fazer parte do grupo dos sobreviventes.