Corro, feita louca, atrás do tempo, atrás do percurso dos ponteiros do relógio. O meu coração já nem bate, é só a propulsão dos ponteiros que me vai mantendo viva, entre compromissos de ontem, projectos de amanhã e afazeres de hoje. Entrou dentro de mim esta espécie de ditadura da irreversibilidade, que é a face côncava do Tempo.
É tudo para ontem, e ontem já era sufoco e exaltação, já era impossível colocar um parêntesis de descanso, um suspiro de alívio nos afazeres. Acordar para o dia de amanhã é um desalento, porque o amanhã é a montanhoa donde rolam as pedras que Sísifo carregou. E de repente, descubro que o Sísifo sou eu e que os meus projectos são pedras que rolam montanha abaixo.
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3 comentários:
As pedras rolam montanha abaixo, mas a Ana Rita concerteza que as volta a carregar encosta acima. E nesse percurso, que é árduo, grande, íngreme, espero que a cada passo saiba descobrir novos pormenores, a cada metro de altura subido, saiba olhar emm volta e admirar a paisagem que a rodeia, as pedras que carregou e rolaram de volta à base da montanha, as pedras que estão à espera de serem por si carregadas.
Fique bem,
Manuel
Gostei muito dos seus textos. Você trabalha bem as palavras, e encontra as necessárias para traduzir o seu estar no mundo.
Espero voltar ao blog. um abraço!
silvia gabas
Cara Sílvia,
Muito obrigada pelas suas simpáticas palavras. Seja bem vinda ao lado de cá da porta que deixa o mundo fora dela.
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