domingo, 9 de dezembro de 2007

Pensamento

Vejo, vorazes, os dias a avançarem perigosamente em direcção a mais um aniversário e pergunto-me que sangue é este que me corre nas veias. Talvez nós sejamos só o interlúdio entre duas datas. Uma espécie de ócio dos deuses transformado em miséria, albergada entre o nascimento e a morte. Talvez nos venhamos a esgotar em epitáfios feitos a granel com mensagens ridículas, cujo remate são duas datas. A quo et ad quem. E depois da data ad quem, não resta nada, nem sequer o pretérito perfeito de nós. Resta o ter sido amado, para aqueles que nos choram e esta forma pretérita composta é a conjugação mais perfeita e absoluta do verbo amar, porque é a única que resiste ao fim do estar presente, coisa a que poucos amores resistem.

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