terça-feira, 27 de novembro de 2007

Tentação

Tentação de Te descrer. De Te negar até à náusea e saber depois que nada és senão arrependimento Teu e medo nosso porque descansámos os nossos pecados sobre Ti e porque nos habituámos a ser mais fácil assim. Afinal, apenas és culpa e silêncio. Estás há anos infindos à espera de que acabemos com tudo isto, com este cemitério de homens vivos e não fazes nada. Ouves as minhas orações em silêncio e é silêncio o que me devolves. E quando eu já não tiver nada para Te implorar dir-Te-ei nada e farei nada. Quando chegar o dia de ir para o inferno, já nem me vou lembrar de Ti e há-de haver um tempo em que só o riso do Zaratustra, que enche o inferno, me ocupará os sentidos. E nesse dia, o silêncio será total e a razão de existir será nenhuma. Espero que, apesar disso, sejas clemente e compassivo comigo e me perdoes a minha queda em tentação.

1 comentário:

Manuel Bruschy Martins disse...

O silêncio devolvido talvez seja a complacência desejada. Talvez não seja um vazio, mas verdadeira resposta.

Obrigado pela visita que me fez. Respondi-lhe no meu próprio blog.

Senti-me tentado a visitá-la. Não me arrependi. Parabéns por mais um belo texto.

Manuel