A pior solidão que existe é darmo-nos conta de que as pessoas são idiotas.
Gonzalo Torrente Ballester
terça-feira, 31 de julho de 2007
terça-feira, 24 de julho de 2007
Silly Season
Arrasto-me da cama, dia alto, onde desmaiei na madrugada que há pouco findou. Procuro, de olhos fechados, lançando uma mão fora do conforto da minha cama, o objecto que tem mitigado a minha incapacidade funcional (só na parte da visão) para ter uma vida normal e que, se eu tivesse nascido no século IV a.C., ter-me-ia impedido (por ser míope e sobretudo por ser mulher) de cumprir o meu desejo de ser discípula de Platão.
O chuveiro liberta-me do torpor nocturno, imitação da morte a que por pouco tempo me é dado sucumbir. Arranjo-me e bebo um gole de café acabado de fazer. Saio. Lá fora, a rua fervilha de gente e um calor abrasador irrompe de todos os poros da terra. Percebo, rapidamente, que o caminho para o emprego não vai ser empresa fácil, valha-me a sorte de não ter de apanhar com a humanidade encafuada em transportes públicos. Em vão, procuro na rua cheia de carros o camião que me passou por cima. Estou morta e só são nove da manhã.
Trabalho 12 horas por dia, às vezes mais. Chegado este tempo, a estante fica desprovida de novidades literárias, já que as insónias me atacam no verão com uma voracidade de velhice antecipada, prolongando as horas de vigília. Trabalho muitas vezes de madrugada, no silêncio da noite quente que se espraia lá fora.
Chego a Julho sempre assim. Não sei se é o meu corpo a inventar uma época de exames mental (a A. sabe do que falo) ou se é só (o só merece aspas, naturalmente) burnout.
Burnout. Aliado à idiotia que a que a vigília nocturna me condena durante o dia que se arrasta luminoso até às 21:30.
Silly season and burnout. Não façam misturas destas nas vossas casas...
O chuveiro liberta-me do torpor nocturno, imitação da morte a que por pouco tempo me é dado sucumbir. Arranjo-me e bebo um gole de café acabado de fazer. Saio. Lá fora, a rua fervilha de gente e um calor abrasador irrompe de todos os poros da terra. Percebo, rapidamente, que o caminho para o emprego não vai ser empresa fácil, valha-me a sorte de não ter de apanhar com a humanidade encafuada em transportes públicos. Em vão, procuro na rua cheia de carros o camião que me passou por cima. Estou morta e só são nove da manhã.
Trabalho 12 horas por dia, às vezes mais. Chegado este tempo, a estante fica desprovida de novidades literárias, já que as insónias me atacam no verão com uma voracidade de velhice antecipada, prolongando as horas de vigília. Trabalho muitas vezes de madrugada, no silêncio da noite quente que se espraia lá fora.
Chego a Julho sempre assim. Não sei se é o meu corpo a inventar uma época de exames mental (a A. sabe do que falo) ou se é só (o só merece aspas, naturalmente) burnout.
Burnout. Aliado à idiotia que a que a vigília nocturna me condena durante o dia que se arrasta luminoso até às 21:30.
Silly season and burnout. Não façam misturas destas nas vossas casas...
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calor,
Idiotia,
insónias e incêndio mental
domingo, 22 de julho de 2007
Da Islândia, com Amor
Chama-se Teresa (para mim, Terezinha) e é uma rapariga excepcional, que conheci durante um tempo sem regresso. onde fui muito feliz. Foi minha «aluna» de ciência política, numa noite em que, em pijama, lhe expliquei o que era a esquerda e a direita no espectro político-partidário.
Um dia, eu, a A. e a Scarlett fomos no seu carro (emprestado sem a Terezinha saber) conhecer a noite de Lisboa, quando a Terezinha já tinha partido para a Islândia. É estranho, agora que vejo as fotos do blog com que matizo as muitas saudades que sinto dela, parece-me que ela tem uma cara tão fofinha que parece um esquimó...
A Teresa está a fazer voluntariado na Islândia e apaixonou-se por aquela gente, por aquelas casas. Tenho muitas saudades da sua gargalhada e dos tempos em que fomos as duas caloiras das Domus (eu muito mais contestatária e barulhenta que ela...).
Agora, fica aqui o link ao lado, para a saudade ser menor.
Um dia, eu, a A. e a Scarlett fomos no seu carro (emprestado sem a Terezinha saber) conhecer a noite de Lisboa, quando a Terezinha já tinha partido para a Islândia. É estranho, agora que vejo as fotos do blog com que matizo as muitas saudades que sinto dela, parece-me que ela tem uma cara tão fofinha que parece um esquimó...
A Teresa está a fazer voluntariado na Islândia e apaixonou-se por aquela gente, por aquelas casas. Tenho muitas saudades da sua gargalhada e dos tempos em que fomos as duas caloiras das Domus (eu muito mais contestatária e barulhenta que ela...).
Agora, fica aqui o link ao lado, para a saudade ser menor.
quinta-feira, 19 de julho de 2007
O espírito do amor
O amor entre desiguais é uma tergiversação que é usada para descrever o estado de alma que nos acomete quando a comiseração pelo próximo é demasiado constrangedora para ser assumida. Inventa-se assim um amor, que, à força de assim ser chamado, nos vai enredando numa espiral de sentimentos mesclados e em que a saída se torna cada vez mais estreita e ínvia.
Mas o amor entre iguais é mais estimulante. Requer trincheiras, tanques, bombas atómicas e mísseis comandados à distância, sem que haja Convenção de Genebra que, in casu, se aplique.
Mas o amor entre iguais é mais estimulante. Requer trincheiras, tanques, bombas atómicas e mísseis comandados à distância, sem que haja Convenção de Genebra que, in casu, se aplique.
sexta-feira, 13 de julho de 2007
Penalistas
Encontrámo-nos nos bancos da Faculdade e partilhámos a paixão pelo Direito Penal. Trocámos ideias, livros, desesperos e desabafos tendo como pano de fundo o poder máximo que um Estado de Direito pode exercer sobre os Homens: o ius puniendi.
Soube que irás ser Magistrada. Passas para lado do poder, eu fico do lado dos do Povo.
Que bom...agora haverá uma Magistrada que me ouvirá.
Parabéns!
Soube que irás ser Magistrada. Passas para lado do poder, eu fico do lado dos do Povo.
Que bom...agora haverá uma Magistrada que me ouvirá.
Parabéns!
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Mais Sophia
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Strangers and lovers
Olhámo-nos como dois estranhos, mas à nossa volta, um círculo de admiração contemplava, a uma distância prudente, a razão daquele olhar. Muita gente naquela sala não conseguia disfarçar o embaraço ante o cruzar de olhares cuja duração nenhum de nós conseguiu abreviar. Percebi rapidamente que não haveria armstício possível na guerra que, entricheirados num silêncio cada vez mais apartante, declaráramos um ao outro.
O melhor de tudo foi a apresentação de nós um ao outro. Outra vez.
O melhor de tudo foi a apresentação de nós um ao outro. Outra vez.
segunda-feira, 2 de julho de 2007
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