As redes sociais estão aí, prontas a substiuir o tempo e o espaço que se deixou de ter para conviver (no sentido etimológico do termo). Cumprem, igualmente, (ou não fosse a sua designação anglo saxónica "teia") um perigoso desígnio, que é o de nos "agarrarem" a pessoas que, tendo aportado à nossa existência em tempos passados, pretendem "religar-se" connosco através de um clique, pretendendo fazer ressuscitar uma relação que, tendo sido o que quer que fosse, deixou, pelo decurso do tempo, de fazer qualquer sentido.
Há relações que caducam. Como os contratos e como as Leis. E caducam porque quem nos conheceu, num dado momento, conheceu outro que não aquele/aquela que hoje somos. E isto é especialmente evidente quando nos "recruzamos" com pessoas que ficaram estacadas no ponto existencial de onde há muito decidimos partir, com bilhete só de ida.
E como é que isto se resolve? Com um expediente virtual: recuperar, por momentos, o nosso avatar passado, agradecendo o convite para "ser amigo" (já fomos, deixou de fazer sentido, mas um clique é sempre simpático), ter uma conversa virtual mais ou menos inócua (até porque há muitos "amigos" a assistir) e rezar para que a criatura em causa se confine à sua caducidade, não nos importunando, na tentativa de dialogar com um ser que já não somos mais. Ou seja, ao mundo virtual, reage-se sendo-se virtual, inócuo e esperançoso de que tudo fique como está, porque o que foi (fomos) não volta(mos) a ser.