Gata madrugadora, mansinha, liiiiiinda.
Vem à dona, vem bichana!
Gata companhia, gata amiga, guardadora de segredos perigosos, confidente de coisas que arrepiam tudo à volta, até o teu pelo de veludo.
Gata menina, gata apaixonada pelos meus sapatos.
Gata fofinha, amiga gata, dona da casa, dona de tudo o que é meu.
Borboleta de olhos azuis, libelinha em voo pela sala, gata mandona, mas desobediente.
És gata, tão gata, que até pareces gente.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
quarta-feira, 17 de junho de 2009
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Se é possível a existência de um denominador comum para todos os sentimentos que nos magoam, penso que este pode, sem dúvida, resumir-se à decepção.
Todas as dores da alma, bem espremidas e despidas do folclore das palavras são decepção, nua, crua, em estado bruto. Não existe sentimento humano de arestas mais afiadas, nem tão expressivo na sua simplicidade, vivendo irmanado da tristeza- que é, afinal, mais consequência do que causa dos males que nos pesam nas costas- do que a decepção.
No tratado das dores da alma, bastaria esta entrada. E, a seguir aos dois pontos, bastava que o espaço fosse, simplesmente, deixado em branco.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
No kids
Vem este escrito a propósito de uma conversa com a A. Conversa longa, que se espraiou madrugada fora. Eu tecia loas à minha existência de mulher emancipada, que de seres vivos com direito a co-habitação permanente só consente a gata e duas orquídeas. Dizia-me satisfeita, realizada, apesar das noites sem dormir, do excesso de cigarros e do peso da carga fiscal. Nisto, dei por mim a pensar naquilo que a A. se encarregou de verbalizar: eu até concebo a ideia de arranjar alguém, mas cada vez mais penso em não ter filhos...
Assustei-me com o meu pensamento, que a A. se encarregou (como tantas vezes acontece nas nossas conversas) de verbalizar. De repente, dei por mim cheia de culpa, a achar que tinha caído num discurso batido desses que aparece nas revistas dos semanários, mas depois percebi que a coisa era mais grave e que a nossa conversa era algo menos profunda do que o habitual, cingindo-se à mera constatação de factos: não vou ter filhos.
Lembro-me de uma personagem dos livros da Mafalda (a Susaninha), que vivia apavorada com a ideia de não deixar descendência. À minha volta, o mulherio tem filhos como eu tenho sapatos. Na minha família, quem não põe a anilha antes dos vinte e três e não fica com mais estrias do que uma zebra antes dos trinta não é mulher não é nada. Aliás, quem não é escrava do marido, da família dele e dos filhos que dele vai tendo é uma posta de carne com dois olhos.
Fiz uma retrospectiva da minha vida e comecei a perceber o que me está a acontecer e, acreditem ou não, invadiu-me uma sensação de paz como há muito tempo não experimentava. De repente, percebi que tudo o que me aconteceu foi sempre por minha exclusiva vontade e que, no fim de contas tudo correu pelo melhor (esta é dedicada ao mestre Pangloss! Vive Voltaire!).
No kids. Isto pode parecer mal a muita gente, mas desde esta conversa com a A., arrumei muita coisa que andava à solta dentro da minha cabeça.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Sou mais do que uma sobrevivente. Sou uma lutadora nata, sou uma desafiadora das condições, uma mulher inquieta e insatisfeita que se recusou a ficar à espera de qua vida lhe acontecesse. Aconteceu-me ser e do meu ser fiz o que entendi. Não peço desculpa pelo que sou; às vezes, peço -e sei pedir- desculpa pelo que faço. Mas tento sempre que aquilo que faça seja eu mesma. Nunca desisti de nada na vida e isso causou-me grandes nódoas negras de todos os tipos. Fiquei marcada por coisas com que hoje lamento ter sofrido. Não preferia não ter passado por elas; lamento apenas que me tenha exposto à dor que me causaram. Hoje já não me desiludo e magoo-me cada vez menos. Isso prova que sou capaz de aprender a ser melhor. Ser inteligente não me garantiu nunca ser melhor. Em miúda diziam-me que nunca esperasse que os outros pensassem e agissem à minha velocidade. Hoje sei- porque sou mais sábia- que existem pessoas melhores do que eu na arte de viver e estou permanentemente disposta a aprender o que o seu viver me ensina.
Ich bin ein ja Sagender. Grande Nietzsche. Esse sim, sabia-a toda. E sabia-me a mim como ninguém.
Ich bin ein ja Sagender. Grande Nietzsche. Esse sim, sabia-a toda. E sabia-me a mim como ninguém.
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